Os Cromos ao Vivo

Se há algo que prezo muito na minha vida, são as memórias que tenho de infância. Tive uma infância feliz, graças aos meus pais, que nunca me faltaram com nada, mesmo em alturas mais conturbadas. Sempre tive noção disto, mas quando começou o programa da Caderneta de Cromos na Rádio Comercial é que me apercebi do quão mais infinitamente rica a minha infância tinha sido, isto porque era fantástica a quantidade de experiências relatadas pelo Nuno Markl com as quais eu me identificava por ter realmente passado por elas.

As décadas de 80 e 90 foram sem dúvida um universo de novidades para todos nós que nelas nasceram e cresceram, daí que toda a mística que delas advém só torne ainda mais espectacular o programa do Nuno e da sua equipa.

Ontem essa mística, mais do que sentida, foi vivida. Ao vivo e a cores. Sentia-se no ar. Via-se na cara dos que foram ao Coliseu dos Recreios em Lisboa ver a Caderneta de Cromos ao Vivo.

Sempre a rir, os mais velhos recordavam a excentricidade, o perigo, o ridículo, a emoção e tudo o que demais esteve presente na nossa infância. Os mais novos, a rir também, olharam para os seus pais, irmãos e amigos com uma nova perspectiva, com a ideia de que em outros tempos, em outras realidades, tudo era mais verdadeiro, mais próximo.

Foi um espectáculo diferente de tudo o que provavelmente aquela sala já havia visto, e pelo Coliseu já muito passou, mas foi de certeza a primeira vez que viu Júlio Isidro a fazer Stand-Up Comedy, a cantar músicas de Charles Aznavour e parte de uma opereta como se fosse um tenor. Viu também pela primeira vez, José Cid, on fire, ao piano, a cantar uma música dedicada ao Fizz de Limão, fazendo rimas com “cabrão” (ou terei percebido mal a letra) enquanto toda a plateia acenava com gelados no ar. Entre este dois senhores, o resto que se passou foi ouro e não vou contar porque tem realmente que ser vivido. Lá.

Ontem fomos mimados, como se fossemos novamente miúdos. Levaram-nos atrás no tempo e trouxeram-nos de volta, tudo em duas horas que souberam a muito muito pouco. No bolso ficaram os pacotes vazios das Peta-Zetas e a esperança de que o DVD do espectáculo saia depressa, tipo no Natal 😉

Obrigado Nuno, Pedro, Vanda e Vasco. Obrigado pelo vosso trabalho de amor.

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